POEMA A MÁSCARA




Na relação dos disfarces,
Até vale uma careta;
Quem não pode imitar anjo,
Que imite seu capeta,
Ou quem sabe, o bicho homem,
Vestido de lobisomem
Ou um tigre de proveta.

O meliante usa máscara
Pra não ser reconhecido,
Ou por medo da polícia,
Provando não ser bandido;
A moda da camuflagem
Faz parte da malandragem,
Fingindo estar escondido.

Na festa carnavalesca,
Pela alegria geral,
É possível usar disfarce
No fogo do carnaval,
Mas, aí, é um costume,
Cada um seu rosto assume,
Agradando bem ou mal.

Tudo agora então mudou
Na chegada do corona,
Quando todos têm de usar,
Seja ele dono ou dona
De seu pretenso nariz;
A ordem vem do juiz
Ou de uma lei muito durona.

Com a venta mascarada,
Sem direito a reclamar,
Todos temem que a tal peste
Venha lhes contaminar;
Ou aceita ou corre risco
De virar um bom petisco
Desse vírus de além-mar.

Tanto em casa quanto fora,
Tem de usar a máscara em tudo;
Tem de ser obediente
Como o pobre surdo e mudo;
Com certeza o Soberano,
Do verão que está chegando,
Vai livrar-nos deste absurdo.

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