POEMA A SINA DO IDOSO




Quanta piada ou lorota
Criam em torno do idoso,
Às vezes por brincadeira
Ou então pelo emcabuloso
Modo de tratar o ancião,
Respeitável cidadão,
Não na língua do invejoso.

Por ter vivido bastante,
Trouxe consigo sequelas;
Sinais do tempo e da vida,
Com robusta parentela;
Sempre soube ser amado,
Mas agora é rejeitado
Pela mais feia donzela.

Sem saber qual foi o crime,
Está agora a penar,
Como que pagando o pato,
Na condição de gagá;
Socado na quarentena,
Para cumprir dura pena,
Sem direito a resmungar.

Ele então até vivia
Numa vida de sossego,
Mas depois desse corona,
Transmitido por morcego,
Procedente lá da China,
Alterou sua rotina,
Sem poder pedir arrego.

Pelas notícias do mundo,
Todos os de longa idade
São as mais frequentes vítimas
Dessa dura atrocidade;
Sem tribunal nem processo,
Ele tem maior acesso
Ao rol da mortalidade.

Tolheram o seu direito
De caminhar pela rua,
De ver o mundo lá fora
E namorar com a lua;
Somente Deus pra livrá-lo,
Desses doloridos calos
De uma sina nua e crua.

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