POEMA - O CIÚME



Uma coisa que incomoda
Profundamente a pessoa
É quando chega o receio
De não estar numa boa;
Arranhado o sentimento,
Há temor que um forte vento
Venha afundar a canoa.

Quando há desconfiança
De alguém mais querendo o trono,
Na escala da concorrência,
Entre dois pretensos donos,
Entra no palco o ciúme,
Exalando mau perfume,
Tirando dos dois, o sono.

Quem não sabe defender
Aquele bem que possui
Não merece ter a posse
Daquilo que cedo rui;
Mas se tem a garantia
Do que nunca falharia,
O medo não evolui.

O ciúme entra forte
No enredo da comédia;
Ele pode provocar
Encenações de tragédia;
O medo de perder o amor
Faz com que o condutor
Só ande de curtas rédeas.

Algo que dói, o ciúme,
Com sintoma de derrota;
A estima fica birrenta,
Urinando atrás da porta;
O ganhar é fabuloso
E o perder é desonroso
Quando alguém não se comporta.

Coitado do ciumento
Que dá crédito em futrica;
Sorte tem quem passa ao largo
Dessa droga que complica;
O ciúme causa estrago
Como um fruto bem amargo,

Que no final adocica.


Paulo Oliveira

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